Alma Gêmea
Narciso errante.
Errante em busca de si mesmo.
Sem saber...
Onde encontrarás outro como tu?
És exigente.
Tua medida, teu molde, supera Apolo sem defeitos.
Defeitos é o que não queres.
Mas como encontrar mortais sem eles?
És louco talvez.
Narciso como encontrar outro como tu?
Nessas terras não há.
Errante continuas em busca dela, dele.
Quem é ela? Quem é ele?
Olhas para o espelho e perguntas:
Onde encontrá-los?
O espelho te diz: também não sei.
Narciso aquieta-te.
Tu dizes: não posso!
Preciso encontrá-los.
Já andaste sob sol, chuva e tempestades.
Não encontrarás outro alguém como tu.
Mas auscuta:
Continue!
É tudo que quero, respondes.
Mas não vejo gente bela.
Narciso! Elevada, a voz do seu daimon interroga:
O que é a beleza?
É a perfeição erótica, psicosomática e hedônica que pára o tempo.
Que nos torna eternos.
Eternos naqueles momentos bons.
Vividos.
A viver.
Narciso já os encontraste?
Vividos.
A viver.
Narciso já os encontraste?
Estou aprendendo a esquecer o espelho.
Troquei-o por janelas.