terça-feira, 7 de abril de 2009

Alma Gêmea

Narciso errante.
Errante em busca de si mesmo.
Sem saber...
Onde encontrarás outro como tu?
És exigente.
Tua medida, teu molde, supera Apolo sem defeitos.
Defeitos é o que não queres.
Mas como encontrar mortais sem eles?
És louco talvez.
Narciso como encontrar outro como tu?
Nessas terras não há.
Errante continuas em busca dela, dele.
Quem é ela? Quem é ele?
Olhas para o espelho e perguntas:
Onde encontrá-los?
O espelho te diz: também não sei.
Narciso aquieta-te.
Tu dizes: não posso!
Preciso encontrá-los.
Já andaste sob sol, chuva e tempestades.
Não encontrarás outro alguém como tu.
Mas auscuta:
Continue!
É tudo que quero, respondes.
Mas não vejo gente bela.
Narciso! Elevada, a voz do seu daimon interroga:
O que é a beleza?
É a perfeição erótica, psicosomática e hedônica que pára o tempo.
Que nos torna eternos.
Eternos naqueles momentos bons.
Vividos.
A viver.
Narciso já os encontraste?
Estou aprendendo a esquecer o espelho.
Troquei-o por janelas.