Hoje um grupo de alunos me abordou numa das escolas que trabalho, e me disse algumas coisas interessantes.
Não suportam mais essa elite golpista, do pseudo desenvolvimentismo internacionalista, neoliberal, representada em telejornais tais como o Bom Dia Brasil, por intermédio das vozes de Alexandre Garcia, Míriam Leitão e Cia.
Eles que até então eram afeitos à direita, afirmaram que preferem essa esquerda que está no poder, ainda com todos os seus problemas. Preferem um projeto político que defende os interesses nacionais, que articula internacionalmente uma postura mais ativa para o Brasil no universo das disputas econômicas e políticas. Preferem um projeto que respeita a regra constitucional da Federação que visa garantir a igualdade e desenvolvimento da nação, independentemente das diferenças econômicas regionais de geração de riquezas.
Pois bem, o que disse a eles é que não é nem o caso discutirmos direita e esquerda, termos muito ambíguos. É mais uma questão de racionalidade, de bom senso. As forças políticas e econômicas do sudeste, representadas majoritariamente em partidos como DEM e PSDB, querem se afirmar como os legítimos responsáveis pelo desenvolvimento nacional, defendendo aquela agenda já conhecida do privatismo, da parceria com os USA, do fundamentalismo econômico, da superação da pobreza por meio do enriquecimento ainda maior dos ricos, que num transbordamento atingiria os pobres... Fica bem evidente essas ideias quando ouvimos os "jornalistas e comentaristas" recém contratados pela Globo: Heráclito Fortes, Álvaro Dias, Arthur Virgílio e seus pares. Eles comentam matérias desde o pré-sal, passando pelo acordo militar Brasil-França, até a questão do abrigo dado pela Embaixada brasileira ao presidente deposto de Honduras, Zelaya.
Hoje, no Bom dia Brasil, o time de jornalistas da Globo deixou evidente o seu posicionamento político e ideológico golpista, reacionário e hipócrita:
* Alexandre Garcia: a Embaixada brasileira foi invadida por Zelaya e seus partidários.
* Não houve Golpe em Honduras. O presidente foi deposto pela Suprema Corte e pelo Congresso.
* O Brasil não deveria se envolver nisso. Mas sim deve buscar uma saída honrosa.
* Zelaya foi afastado porque queria mudar a regra constitucional para conquistar mais um mandato e porque era corrupto.
* O presidente atual, que depôs Zelaya, já está preparando novas eleições e aí tudo será resolvido.
* Está tudo certo.
Estranhamente não foi a postura da comunidade internacional quando, hoje, discursou o Presidente Lula na Assembléia Geral das Nações Unidas, afirmando ter havido sim um golpe em Honduras e conclamando a todos para que defendam a democracia e legitimidade da diplomacia brasileira que está intermediando o conflito e que acolheu Zelaya. Lula foi unanimemente aplaudido pelos ouvintes.
A Globo, que traz nas suas entranhas um relacionamento nefasto com o autoritarismo, com a ditadura, afirma sua posição anti democrática. Hugo Chaves e Zelaya não podem mudar as regras constitucionais para conquistar novos mandatos, mas Fernando Henrique, ex-presidente do Brasil, e Uribe, atual presidente da Colômbia, podem.
Enfim, meus alunos me alertaram para um coisa: assumir um posicionamento político à esquerda no Brasil é somente uma questão de bom senso, de racionalidade. Só isso.
