segunda-feira, 24 de junho de 2013

PACTO NACIONAL APRESENTADO HOJE PELA PRESIDENTE DILMA

É bom notar que as forças do retrocesso, antenadas com o passado histórico, estão interessadas em pautar o movimento não para promover mudanças autênticas, reformas profundas que beneficiem a coletividade, mas pretendem desestabilizar gradativamente o governo, apostam num agravamento de uma crise, para efetivar o seu projeto de poder alinhado com os interesses ocultos internacionais.... A presidente apresentou hoje a governadores e prefeitos de todo o país um pacto de mudanças. Resumidamente são essas as propostas da presidente:

1) convocação de um plebiscito que autorize uma Constituinte para fazer a reforma política.
2) nova legislação que considere a "corrupção dolosa como crime hediondo", com penas mais severas.
3) pacto de responsabilidade fiscal, com o objetivo de manter a estabilidade da economia e o controle da inflação.
4) o governo vai disponibilizar mais R$ 50 bilhões para investimentos em obras de mobilidade urbana.
5) a criação de um Conselho Nacional de Transporte Público, com a participação da sociedade e que deverá ter versões municipais.
6) reforçou a intenção do governo de contratar médicos estrangeiros para trabalhar no Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente em regiões onde faltam mais profissionais.
7) para aumentar investimentos em educação reiterou que o governo defende a utilização de 100% dos royalties do petróleo e 50% do Fundo Social do pré-sal para o setor. Ela deixou claro que essa proposta depende de aprovação do Congresso Nacional.

Ao término do discurso de hoje, Dilma voltou a dizer que seu governo está ouvindo “a voz das ruas” e que é possível aproveitar este impulso para melhorar o país.

domingo, 23 de junho de 2013

Polícia lança bombas sobre manifestantes mineiros em 22/06/2013

E a polícia política das Minas Gerais cumpre determinação da FIFA e manda bombas sobre os mais de 65 mil manifestantes mineiros a fim de mantê-los afastados. Nunca imaginei que o país do futebol, fabricado pela Globo em tempos de milagre econômico da ditadura, protagonizaria isso: não aceitamos pão e circo! Não somos palhaços. Não queremos alimentar essa lógica nefasta da promíscua relação do Estado brasileiro com esses cartolas mafiosos do futebol e a REDE GLOBO (monopolizadora dessas copas com as quais fatura milhões) que destinam bilhões para obras faraônicas, (ainda que o dinheiro público seja emprestado como disse Dilma, sabemos as condições paternais desses empréstimos). O povo não quer pão e circo, programas imbecis de auditório no domingo. Essa porcaria televisionada tem que acabar. O povo não quer só comer, quer arte, que cultura de qualidade. Pois bem, o futebol, símbolo da alienação social brasileira ensejando grandes protestos! Simplesmente fantástico. O povo não quer mais essa idealização de jovens jogadores analfabetos feitos ídolos das crianças. Temos que incentivar nossas crianças a estudar, a fazer carreira como cientistas, pesquisadores, pensadores... Chega de manipulação! Viva essa brava e inconfidente (que não se submete, que revela os segredos inescrupulosos do Estado) gente mineira!

As manifestações e a democracia brasileira (Para Raniel Nascimento)

Raniel, brother, você me agradeceu pela aula, referindo-se ao texto que publiquei no meu mural apresentando minha opinião sobre as recentes manifestações que marcaram os últimos dez dias da vida do nosso país, o que chamou também a atenção do mundo para o país do futebol. Ô irmão, foram algumas reflexões que me ocorreram naquela noite tão marcante. A juventude é sempre o sinal e a o instrumento de concretização de tempos de mudança, quando vai para rua e grita que não aceita a hipocrisia, a manipulação, a mentira. Uma nova geração que entende o papel político do povo, o grande soberano, está se materializando. A realidade de um modelo de Estado (RES PÚBLICA) caro e mau gerido por uma classe política que se desconectou do seu grande mandatário (o povo) e que se encastelou em seu pequeno universo de tretas e de regalias está com os dias contados. Político não pode mais ser visto no Brasil como um glorioso e nobre artista global, mas como um mero servidor do povo que só é útil quando cumpre essa missão. Em outra situação de inutilidade deve ser extirpado do poder. Essa velha geração política que é herdeira da ditadura, que não entendeu o seu papel na construção de uma autêntica democracia que deve de fato se fundamentar na VONTADE GERAL, nos interesses públicos da SOCIEDADE CIVIL, está fadada ao fracasso. O povo está encontrando mecanismos de controle da atividade da classe política. A internet é uma ferramenta que serve a esse propósito. Quem quer ser político nesse novo paradigma deve indubitavelmente ouvir continuamente o povo, deve gostar de povo, deve estar no meio do povo. Deve sair dos castelos, dos seus confortáveis gabinetes... Deve mais que representar o povo, ser povo também. É sintomático, Raniel, que o país do futebol, do carnaval, das novelas, e do programa de auditório, tenha ido às ruas. É extraordinário que até mesmo em dia de jogo da seleção milhares prefiram ir às ruas do que ficar em casa. Esse país inventado pela globo, durante a ditadura, como bem nos alertou o documentário Muito Além do Cidadão Kane da BBC, produzido no início dos anos 1990, deve ser reinventado, e para melhor, para muito melhor. Salve irmão!

MINHAS IMPRESSÕES SOBRE AS MANIFESTAÇÕES QUE PARARAM O BRASIL NOS ÚLTIMOS DEZ DIAS


01)   Vamos lá... A história do Brasil, desde o infeliz Império, foi de intensa repressão aos movimentos populares. Um país que foi construído com muito sangue de índios, negros, pobres e de revolucionários. Notadamente durante o período regencial o cetro imperial verte muito sangue de populares. Pois bem, vejam o que aconteceu durante a denominada República Velha. O movimento trabalhista se organizou com o protagonismo de migrantes que trouxeram para o nosso país os ideais anarquistas e socialistas. Esses proletários europeus já tinham a experiência da organização trabalhista sindical no século XIX. O Brasil naquele tempo não tinha industriais e tão pouco proletários. O que tínhamos eram fazendas repletas de escravos. A República Velha reprimiu e criminalizou os pobres, negros que formavam favelas, de marginalizados analfabetos. Em 1917, antenados com o contexto internacional da Revolução Russa, São Paulo entrou em greve geral. Naquele contexto eclodiram mobilizações proletárias por várias regiões do país. A era Vargas começou reprimindo comunistas e anarquistas. Criou o ministério do trabalho, concedeu direitos aos trabalhadores, criou a CLT, sentou proletários e patrões e exerceu o controle das lideranças proletárias suscetíveis ao poder e às suas regalias, massacrou os ideólogos revolucionários ou os extraditou.
02)   A ditadura implantada entre 1964 e 1985 fez o trabalho de aniquilar os movimentos sociais que se apesar de Vargas e que continuaram após seu fatídico suicídio. Essa ditadura, iniciada por sob o governo de Castelo Branco, criminalizou a participação política do povo, matou líderes do movimento estudantil, operário, rural, artistas, professores...
03)   A redemocratização iniciada na década de 1980 (das diretas já até o horroroso governo de José Sarney) e efetivada sob a gestão americana que atrelou as políticas econômicas do Consenso de Washington aos empréstimos de instituições como FMI, BID e BIRD, viu o ressurgimento gradativo dos movimentos sociais (mulheres, negros, estudantes, sem teto, sem terra...). Com o processo de hegemonização do capitalismo, sem rival socialista e com desmantelamento do caridoso estado do bem estar social, ficou cada vez mais anacrônico lutar por causas sociais e políticas.
04)   A partir da década de 1990, e no nosso caso brasileiro durante os governos de FHC, houve uma efetivação da tentativa de inserção do país na globalização. Fernando Henrique não falava com os movimentos sociais, tratava-os com truculência sob a argumentação de que eram manobrados pela oposição, à época liderada pelo PT. A era FHC foi palco de intensas manifestações e ações dos movimentos sociais, especialmente do MST que ocupou até mesmo a fazendo do presidente tucano. Durante seu governo aconteceram grandes passeatas, as famosas dos cem mil que marchavam de vários rincões do país para Brasília (e lá eram afugentadas com as tropas e cavalarias de Joaquim Roriz, govenador do DF, naquele tempo).
05)   Durante a Era Lula aconteceu um gradativo processo de arrefecimento das grandes manifestações. Ainda que indiretamente, vários setores dos movimentos sociais sentiram-se no poder, e efetivamente lideranças advindas do sindicalismo e de outros movimentos organizados passaram a figurar os primeiros e segundos escalões do governo federal. A era Lula com suas políticas sociais, com a geração de emprego, com as políticas que favorecem o crescimento da chamada classe C, e com a paz com os bancos e gigantes do capitalismo tupiniquim, provocou um otimismo geral e uma sensação de que o país estava imune à crise (uma marolinha). Entretanto, os fundamentos das políticas do Consenso de Washington efetivadas pelo FHC, foram mantidas pelos governos do líder do ABC, sem alterações substanciais significativas. O discurso que justificava tal continuidade era a responsabilidade e pacto estabelecido na Carta aos Brasileiros, idealizado pelo Palocci.
06)    Psicologicamente pensado, depois de mais de dez horas de trabalho em sala de aula, reconheço uma crise de abstinência do povo, uma falta de válvulas de escape. Os programas de auditório imbecis, o futebol, as igrejas neopentecostais com seus milagres ao vivo na TV não foram suficientes para conter a massa popular reprimida. 
07)   É fato que o movimento estudantil secundarista, organizado e bem pautado, mas não levado a sério pela sociedade civil brasileira, até porque é formado em sua grande maioria por estudantes advindos de escolas públicas (e no discurso pós Consenso de Washington, tudo que é público não presta), foi quem iniciou essa onda de protestos. Eles já faziam nos últimos anos manifestos em várias regiões do país, especialmente no nordeste. A pauta inicial dessas mobilizações que tomam conta do país foi colocada por eles: reduzir os preços das passagens de ônibus e melhorar a qualidade do transporte público.
08)   Outros movimentos sociais, como o movimento pelo passe livre, levantaram a mesma bandeira e foram para a rua.  Começaram os manifestos em Goiânia, São Paulo, Rio, BH... Inicialmente a imprensa latia a palavra VANDALISMO.
09)    Depois que jornalistas da Globo, estadão, carta capital, no quinta 13 de junho,  tomaram balas de borracha e repressão da polícia e que o governador de São Paulo Geraldo Alckmin disse que a polícia havia agido corretamente e que os insatisfeitos procurassem a corregedoria, e também o jovem prefeito da rica São Paulo, Fernando Haddad disse que não abaixaria o preço da passagem, aconteceu o que vimos na segunda dessa semana, 17/06, aproximadamente cem mil no Rio, mais de 60 mil em São Paulo, milhares em BH.
10)    O sentimento de indignação da população com os gastos excessivos da copa, bilhões e bilhões atrelados à recorrente corrupção, o custo de vida muito caro, a manipulação da imprensa, levou o povo às ruas. O movimento se consolidou, conquistou setores multifacetados da sociedade, gente de partidos vários, sem partido, de movimentos sociais diversos, classes médias e populares, bandidos...
11)    O que vemos agora são manifestações que fogem do controle do Estado brasileiro e que mostram a fragilidade de nosso aparelho policial (formado sob os paradigmas da assassina ditadura militar). As redes sociais são um poderoso instrumento de rede que liga (link) todos. Não um movimento, mas movimentos dentro de uma grande massa (movimentos conservadores, revolucionários).
12)   Há hoje uma briga de bastidores (gente grande, governadores, parlamentares, líderes dos movimentos sociais, interessados em pautar o movimento ou em imputar o ônus dele à Presidente, ao governo do partido dos trabalhadores). Enfim, estamos diante de algo complexo...
13)   Jovens conscientes politicamente (apesar dessa geração das décadas de 10 e 20 do século vigente ser rotuladas de apolítica) outros tantos indo pela onda, mas estão se inserindo. Saqueadores, jovens que querem jogar para fora sua falta de sentido, sua falta de norte existencial, gerado por um contexto que acabou com os sonhos, com os ideais e utopias da “moçadinha” que vive sem arte ou filosofia (voltados para uma escolarização técnica em função frenética de aprovação de exames)...
14)   Para onde vai essa massa de mais de um milhão, multifacetada, que saiu pelas ruas do Brasil hoje? Desfar-se-á no ar? Quem está pautando essa massa? As pautas que vão de tornar hediondo o crime de corrupção ao fim do forro privilegiado para políticos, são exequíveis? Não há outras pautas mais importantes e revolucionárias que fariam mais efeito e mudariam o Brasil de verdade? Estou aqui pensado... O preço do estado brasileiro, o monopólio cruzado das grandes empresas de comunicação, o péssimo serviço das empresas de comunicação multinacionais que cobram mais caro que nos país europeus ou nos estados unidos e que oferecem um serviço de merda para os trouxas brasileiros? ( aqui em Goiânia não haverá copa do mundo, então não teremos gringos utilizando o 4G, logo ficaremos com a porcaria do 3G pago ao preço daquele oferecido aos nobres do hemisfério norte). O investimento de 10% do BIP para a educação?  O que você pensa?