Acompanhe ao vivo o 3° Conselho sindical da Fitrae-BC. Acontece agora um debate sobre mídia e poder:
http://www.fitraebc.org.br/
A Revolução Francesa com sua Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi o primeiro marco civilizacional da época moderna, estabelecendo direitos civis. A luta dirigida pelo movimento operário internacional consolidou direitos políticos e sociais. A emergência da barbárie, agravada por esse sistema financeirista e monopolista que degrada homem e natureza, ameça todos os direitos humanos. Aprofundando a democracia, devemos aspirar um novo marco civilizacional: o socialismo.
sábado, 24 de novembro de 2012
domingo, 11 de novembro de 2012
No encalço do Incas - Parte final - A conquista de Machu Picchu!
Chegando ao paraíso: A conquista de MACHU PICCHU.
Vejam como é magnífica a cidade de Águas Calientes entre as montanhas andinas!
Descemos em Águas Calientes e visitamos os banhos termais, piscinas rústicas. Passeamos pelas lojinhas de artesanatos. Jantamos num belo restaurante. Em Águas Calientes há muitos hoteis e restaurantes luxuosos. Ao mesmo tempo há um grande fluxo de turístas do mundo todo, com muita grana no bolso. Compramos nossa entrada para Machu Picchu por $20,00 (vinte dólares) e dormimos sonhando com o dia seguinte.
Essa linda cidade fica num vale de montanhas. Ela é cercada por montanhas andinas gigantescas. No meio delas passa um rio. O clima é frio. Dormimos tranquilamente.
Aqui estou eu entre em frente ao rio de Águas Calientes, entre as montanhas
Vejam como é magnífica a cidade de Águas Calientes entre as montanhas andinas!
Fonte:http://www.trekearth.com/gallery/South_America/Peru/South/Cusco/Aguas_Calientes/photo998339.htm. Acesso em 11.11.2012
Acordamos, dia 13 de janeiro de 2005, às 05h 15min da manhã. A pousada onde ficamos era comum e estava em reformas. Foi um pouco incômodo.
Entramos num ônibus cuja passagem de ida foi $6,00 (dólares). O tempo gasto para chegar a Machu Picchu foi de vinte minutos.
Subimos a montanha e chegamos ao seu topo. Conquistamos o paraíso! Chegamos ao nosso objetivo de viagem! Alegria! Exultação! Avistamos finalmente a magnífica cidade perdida do Incas.
Machu Picchu é linda, mágica, intrigante, emocionante! Ela foi descoberta em 1911. Parece que os conquistadores espanhois não chegaram por aqui.
Contratamos um guia peruana que nos fez um preço barato e com ele ficamos durante duas horas aprendendo sobre esse povo fantástico. Segundo essa guia aquela pedra inteiriça logo abaixo que estou indicando era um altar sacrificial onde o inca, provavelmente, sacrificava virgens. Elas ficavam em aposentos reservados a elas, próximas ao quarto do Inca.
Vejam o estilo da edificação em Machu Picchu. Esse portal feito de pedras era a entrada de um dos aposentos da nobreza inca.
Avistamos Machu Picchu do alto da outra montanha muito maior, Wayna Picchu. Aqui temos edificações incas. A subida ao topo, escalada, foi por mais de uma hora em ritmo acelerado. Como sabemos, segundo a língua quechua, Machu Picchu significa montanha velha e Wayna Picchu, montanha jovem.
Durante a subida em Wayna Picchu,
ao nosso lado, temos uma vista magnífica de Machu Picchu e dos grandes vales. Enquanto subimos, vamos ladeando o abismo. A proteção que temos são alguns cabos de aço. O risco é sempre real. Mas a adrenalina fica em alta, altíssima.
Ao chegar ao topo da montanha há
uma escada vertical e íngreme, formada por pequenos degraus. Ela tem cerca de 5 metros de
altura. Quando subimos essa escada o que avistamos atrás é o vale gigantesco. Confesso que
nunca senti tanto medo na vida.
Avistamos Machu Picchu ( que fica bem pequena) do alto da outra montanha muito maior, Wayna Picchu. Aqui temos edificações incas.
Chegamos ao topo, mas logo desci
por outro caminho, formado por túneis entre as pedras. Subi novamente e sentei
nas pedras mais altas, há 2700 metros de altitude. Havia lá um grupo de
jovens estrangeiros.
Alguns meditavam, outros tocavam violão. Um estava acendeu
um cachimbo utilizado antigamente por alguns pajés em rituais religiosos. De lá
avistamos as gigantescas montanhas e cidades e a cidade de Machu Picchu,
pequena vista do alto de Wayna Picchu. A experiência que vivi é inefável. Só trilhando
o caminho que trilhamos, passando as dificuldades e alegrias pelas quais
passamos e chegando ao objetivo final onde chegamos para entender.
Estava um pouco apavorado pela vertigem e altitude, mas estava feliz! Não havia mais para onde subir. Chegamos ao topo de Wayana Picchu. Aqui no alto da montanha jovem me senti o homem mais livre do mundo!
Estava um pouco apavorado pela vertigem e altitude, mas estava feliz! Não havia mais para onde subir. Chegamos ao topo de Wayana Picchu. Aqui no alto da montanha jovem me senti o homem mais livre do mundo!
sábado, 3 de novembro de 2012
Diário no encalço dos Incas - Parte X
Chegando a Cusco...
Aqui em Olantaytambo temos um complexo magnífico de ruínas incas. Trata-se de um vale de montanhas andinas com um parque arquelógico inca. Estamos muito próximos das montanhas "Machu Picchu" e "Wayna (Huayna) Picchu". Respectivamente, montanha velha e montanha jovem. O que nos impressiona aqui é a técnica que era utilizada pelos incas para plantar milho nas montanhas.
Fonte:https://fractal.art.br/br/referencias/. Acesso: 04/11/2012
Entramos na fila da estação para comprar as passagens para Águas Calientes. Não havia mais passagens. Ficamos atônitos. Imaginamos que morreríamos na práia depois de tanto nadar. Encontramos uma espécie de corretor que reuniu um grupo de estrangeiros. Ele vendeu passagens para nós no trem que sairia às 10h. Cada passagens nos custou $52,00 (cinquenta e dois dólares). Quando chegamos em Águas Calientes logo trocamos as passagens de volta para o dia seguinte, dia 13 de janeiro.
Plaza de Armas
Fonte:http://ilanainperu.blogspot.com.br/2011/06/plaza-de-armas.html. Acesso:04.11.2012
Fonte:http://ilanainperu.blogspot.com.br/2011/06/plaza-de-armas.html. Acesso:04.11.2012
Enfim chegamos a Cusco por volta das 04h da manhã
do dia 11 de janeiro. Aceitamos a primeira proposta de hotel e o pegamos um
táxi. Só queríamos dormir. Quando chegamos ao hotel, ficamos decepcionados.
Tinha um mau cheiro e apareceu um rato enorme no corredor. Dormimos por lá
naquela noite, pois estávamos exaustos.
Aqueduto inca
Pela manhã fomos em busca de informações para
viajar para Machu Picchu. Na central de informações, na Praça das Armas,
encontramos uma funcionária que muito nos ajudou. Vendeu-nos uma autorização para
a visitação nos lugares históricos e museus de Cusco por $5,00 pesos, preço de
estudantes. Combinamos como ela um city tour. Almoçamos muito bem num belo
restaurante na mesma “Plaza de Armas”. A cidade de Cusco é belíssima. As
edificações são suntuosas. As Igrejas são lindas. ¹Não há no Brasil algo assim.
Às 15h nos encontramos com nossa guia e seguimos para o passeio.
Observatório astronômico inca em Cusco
Visitamos as
ruínas principais de Cusco. Ali começamos a ver as obras deixadas pelas mãos
desse povo magnífico que dominava técnicas de agricultura, astronomia,
navegação e guerra. Amavam as forças da natureza e as veneravam como deidades.
Havia templos e cultos oferecidos para a água, para terra, para as montanhas e
para o sol e lua.
Eu caminhando numa estrada em Olantaytambo
À noite, depois de jantar uma pizza magra num
belíssimo restaurante, fomos para uma balada. Era sempre uma festa nossa amizade com os peruanos nas calçadas da Plaza de Armas. Eles sempre faziam referência ao futebol do Brasil quando nos viam, ainda mais porque muitos de nós usávamos camisetas da seleção ou de times brasileiros. Entramos numa boate chamada Mama África. Lá encontramos
gente do mundo todo e muitos brasileiros. Divertimos-nos muito, até de
madrugada, ao som de músicas latinas, americanas, europeias e brasileiras.
No dia seguinte, 12 de janeiro de 2005, acordamos
às 5h da madrugada, logo depois que chegamos da boate, para seguirmos até a
cidade de Urubamba com nossa guia. Estamos acabados de sono. Viajamos de ônibus
de Cusco a Urubamaba e daí até Olantaytambo. Decidimos chegar a Machu Picchu de trem. A estação é aqui em Olantaytambo. A opção "trail trek" (trilha de caminhada) deixamos de lado. Temos pouco tempo de viagem. Tenho que retornar ao trabalho em Goiânia. Quem faz a opção por "inca trail trek" compra o pacote nas agências de turismo em Cusco e opta por uma trilha de 4, 10 ou até mais dias. Mas há toda uma equipe, com carregadores para a bagagem e que montam todo o acampamento para você. Geralmente a turma que segue o inca trek é bem diversificada, são várias nacionalidades. Quem participou, relata que é magnífico. Estamos na estação esperando nossa hora para comprar a passagem. Estamos ansiosos para chegar ao nosso maior objetivo dessa viagem: Machu Picchu! Nosso próximo destino será Águas Calientes. A viagem é estimada em 1h e 30min, aproximadamente.
1.As construções e Igrejas lembram, é verdade, as construções
coloniais de São Paulo, Belo Horizonte, Minas Gerais e Salvador.
OBS: AS PUBLICAÇÕES ANTERIORES ESTÃO NO HISTÓRICO DO BLOG.
OBS: AS PUBLICAÇÕES ANTERIORES ESTÃO NO HISTÓRICO DO BLOG.
Diário no encalço dos Incas - Parte IX
Estamos saindo de Copacabana, Bolívia e seguindo Rumo a Puno, no Peru, do outro lado do lago.
Estamos em Punno. Aqui segundo o guia, há duas nações indígenas com dois idiomas, Aymarás e Quéchuas. Há também aqui as famosas Islas Flutuantes, feitas de Totora (espécie de Junco de nasce no Lago Titicaca).
1.O presidente dos Estados Unidos era o Bush. As ações
bélicas, guerra no Iraque, Afeganistão, e outras barbaridades, deixaram os
americanos em situação complicada em suas viagens pelo mundo.
Já paramos na imigração para carimbar os passaportes. Estamos em terras peruanas. Seguem conosco no ônibus pessoas de 22 nacionalidades são argentinos, chilenos, uruguaios, franceses, holandeses, alemães, suíços, suécos, bolivianos, canadenses, australianos, peruanos, ingleses, americanos...
Todos recebem aplausos ao serem anunciados. Os menos aplaudidos advinha quem são? Os ¹Os americanos!
Estamos seguindo à margem do Lago Titicaca. A
visão é magnífica. Parece o mar. Uma infinidade de água. Estamos a 3841 metros
acima do nível do mar e me sinto ótimo. Parece que me acostumei.
Segundo o guia, há um bloqueio em uma via que liga a cidade de Puno à Cuzco e por isso só iremos sair às 18h30min ou teremos que dar a volta por outra cidade. A maior parte resolveu esperar até o horário sugerido para sair direto para Cuzco, sem dar volta.
Estamos em Punno. Aqui segundo o guia, há duas nações indígenas com dois idiomas, Aymarás e Quéchuas. Há também aqui as famosas Islas Flutuantes, feitas de Totora (espécie de Junco de nasce no Lago Titicaca).
Islas Flutuantes em Puno
Aqui em Puno utilizamos o táxi-bicicleta. É uma sensação estranha. Você vai atrás, sentado confortavelmente, e o piloto vai à frente "suando a camisata". Mas foi uma experiência diferente. Nos marcou.
Quando o relógio marcava 18h30min, a moça que estava
no balcão da empresa que emitiria para nós novas passagens e que, por sua vez,
guardou todas as nossas passagens, anunciou que o ônibus só sairia às 20h.
Verificamos que não havia bloqueio algum e que as outras empresas estão enviando
ônibus para Cuzco normalmente. O que parecei é que eles queriam vender mais passagens
para só aí sairmos para Cuzco.
Um grupo de brasileiros chamou a polícia e
imediatamente uma solução foi dada.
Saímos no primeiro ônibus que estava partindo
para Cuzco.
Durante a espera furtaram nossa sacola com barras
de cereais e com a farmacinha que o Juninho (Ademar Júnior) nos presenteou.
Todos estávamos muito cansados e famintos. A
estrada era ruim e fazia muito frio. No meio da estrada o ônibus parou e ficou
lotado de pessoas no corredor, com sacolas e mais sacolas. A maioria eram
mulheres...
Diário no encalço dos Incas - parte VIII
Cidade de Copacabana, na margem do lago Titicaca, na Bolívia
Vista geral de Copacabana
Visitamos um mercado de artesanatos. Havia ali em frente à loja uma "niña" boliviana, muito querida. Não resisti e tiramos a seguinte foto.
Um micro-ônibus nos trouxe até Copacabana. Nossas
mochilas foram em cima do bagageiro. O micro estava dividido basicamente entre
brasileiros e argentinos. Como sempre os argentinos quiseram fazer gracinhas
com os nossos grandes mestres do futebol. Perguntamos a eles como estava o Dieguito.
Também nos desafiaram para uma partida aqui em Copacabana. Já é noite aqui. A
cidade é linda. Parece uma Ouro Preto na margem de um imenso lago. Aqui só há
turistas pelas ruas.
Depois de telefonar para a Milka que está no Brasil,
saímos para jantar. O restaurante é belo. Tomarei o primeiro prato, sopa, e o
segundo, carne com arroz. Já estou me sentido bem adaptado para quem está pela
primeira vez em uma cidade a 3841 metros acima do nível do mar.
O lago Titicaca tem várias ilhas. A Ilha do Sol e a
Ilha da Lua são as mais conhecidas.
Nelas há ruínas incas.
Visitamos um mercado de artesanatos. Havia ali em frente à loja uma "niña" boliviana, muito querida. Não resisti e tiramos a seguinte foto.
Mercado de Artesanatos em Copacabana
Há também em Copacabana um observatório inca, no alto de uma montanha.
Observatório Inca
Estamos decidindo se ficaremos aqui um dia inteiro
para visitá-las ou se seguiremos viagem rumo a Puno, Cuzco e a Machu Picchu, no
Peru. Pois já estamos com passagens compradas para amanhã, dia 10 de janeiro de
2005, e precisamos cumprir nosso objetivo: chegar à cidade perdida dos Incas.
Hoje são 10 de Janeiro e o Marco Aurélio e o André
Luiz acordaram passando mal. São 7h30min, iremos agora tomar café e decidir o
programa do dia.
Chovia muito hoje quando saímos. A empresa
responsável pelo nosso transporte estava alegando que talvez não viajássemos hoje
por causa do ¹“Paro” de La Paz. O presidente Carlos Mesa concedeu uma
entrevista coletiva explicando sua posição sobre o “Paro”.
Quando entramos na suntuosa e rica Igreja de
Copacabana não fui inspirado à oração ou à fé. Vi claramente como a edificação
poderosa da Igreja representou um elemento de imposição cultural sobre os povos
andinos, os Incas.
1. Evo Morales e seus adpetos estavam fazendo
grandes paralisações no país, naquele contexto.
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
Guarani-Kaiowá, risco de suicídio coletivo
Guarani-kaiowá: a tragédia anunciada
Confinados em reservas como a de Dourados, os guarano-kaiowá encontram-se em situação de catástrofe humanitária: além da desnutrição infantil e do alcoolismo, os índices de homicídio são maiores que em zonas em guerra, como o Iraque. Comparado à média brasileira, o índice de homicídios da reserva de Dourados é 495% maior. Os índices de suicídio estão entre os mais altos do mundo: enquanto a média do Brasil é de 5,7 por 100 mil habitantes, nessa comunidade indígena supera os 100 por 100 mil habitantes. O artigo é de Larissa Ramina.
Artigo de Larissa Ramina (*)
Publicado hoje em Carta Maior
No dia 8 de outubro, o Brasil tomou conhecimento, por carta dirigida ao governo e à Justiça Federal, de uma declaração de “morte coletiva” de 170 homens, mulheres e crianças da etnia indígena guarani-kaiowá, em resposta a uma ordem de despejo decretada pela Justiça de Naviraí (MS), onde estão acampados às margens do Rio Hovy, aguardando a demarcação das suas terras tradicionais, ocupadas por fazendeiros e vigiadas por pistoleiros.
Trata-se de um ato de desespero em resposta ao que os guarani-kaiowá chamaram de “ação de genocídio e extermínio histórico ao povo indígena” no decorrer de sua história. Em tentativas de recuperação de suas terras, já foram atacados por pistoleiros, sofreram maus-tratos e espancamentos; mulheres, velhos e crianças tiveram braços e pernas fraturados, e líderes foram assassinados.
Agora, os índios pedem que, em vez de uma ordem de expulsão, o governo e a Justiça Federal decretem sua “dizimação e extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar os nossos corpos”. No dia 30 de outubro, a Secretaria Nacional de Direitos Humanos informou que o governo federal conseguiu suspender a liminar que expulsava os índios de sua terra natal.
Em artigo contundente, Eliane Brum relembra que a história dos guarani-kaiowá é a história da ocupação de suas terras pelos brancos e de seu confinamento em reservas, dentro da percepção de que terra ocupada por índios é terra de ninguém. Com a chegada dos colonos, os indígenas passaram a ter três destinos: as reservas, o trabalho semiescravo nas fazendas ou a fuga para a mata.
Durante a ditadura militar, a colonização do Mato Grosso do Sul se intensificou, trazendo muitos sulistas para ocupar a terra dos índios. Com a redemocratização do país e a Constituição de 1988, abriram-se esperanças de que os territórios indígenas fossem demarcados em cinco anos, o que não aconteceu em razão das pressões dos grandes proprietários de terras e do agronegócio.
A situação dos guarani-kaiowá, segundo grupo mais numeroso do país, é considerada a mais grave. Confinados em reservas como a de Dourados, encontram-se em situação de catástrofe humanitária: além da desnutrição infantil e do alcoolismo, os índices de homicídio são maiores que em zonas em guerra, como o Iraque. Comparado à média brasileira, o índice de homicídios da reserva de Dourados é 495% maior. Os índices de suicídio estão entre os mais altos do mundo: enquanto a média do Brasil é de 5,7 por 100 mil habitantes, nessa comunidade indígena supera os 100 por 100 mil habitantes. Pesquisadores identificam na falta de perspectivas de futuro as causas da tragédia.
A indignidade que permeia a vida dos guarani-kaiowá é ultrajante; vivem uma guerra civil no Brasil rural. Como pano de fundo está a questão cultural que identifica nos indígenas uma primitividade inadmissível no século 21 e, portanto, um entrave ao desenvolvimento econômico que deve ser removido. Dessa forma, ignora-se a imensidão de riquezas culturais e de conhecimentos tradicionais dos primeiros habitantes das Américas.
O ex-presidente Lula reconheceu que ficou em dívida com os guarani-kaiowá. É imperioso que o Brasil da presidente Dilma seja realmente “um país de todos”, e reconheça o direito de existência daquele povo, bem como seu direito à alimentação, à saúde, à moradia digna e à preservação de seu patrimônio cultural.
(*) Professora de Direito Internacional da UFPR e da UniBrasil.
Trata-se de um ato de desespero em resposta ao que os guarani-kaiowá chamaram de “ação de genocídio e extermínio histórico ao povo indígena” no decorrer de sua história. Em tentativas de recuperação de suas terras, já foram atacados por pistoleiros, sofreram maus-tratos e espancamentos; mulheres, velhos e crianças tiveram braços e pernas fraturados, e líderes foram assassinados.
Agora, os índios pedem que, em vez de uma ordem de expulsão, o governo e a Justiça Federal decretem sua “dizimação e extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar os nossos corpos”. No dia 30 de outubro, a Secretaria Nacional de Direitos Humanos informou que o governo federal conseguiu suspender a liminar que expulsava os índios de sua terra natal.
Em artigo contundente, Eliane Brum relembra que a história dos guarani-kaiowá é a história da ocupação de suas terras pelos brancos e de seu confinamento em reservas, dentro da percepção de que terra ocupada por índios é terra de ninguém. Com a chegada dos colonos, os indígenas passaram a ter três destinos: as reservas, o trabalho semiescravo nas fazendas ou a fuga para a mata.
Durante a ditadura militar, a colonização do Mato Grosso do Sul se intensificou, trazendo muitos sulistas para ocupar a terra dos índios. Com a redemocratização do país e a Constituição de 1988, abriram-se esperanças de que os territórios indígenas fossem demarcados em cinco anos, o que não aconteceu em razão das pressões dos grandes proprietários de terras e do agronegócio.
A situação dos guarani-kaiowá, segundo grupo mais numeroso do país, é considerada a mais grave. Confinados em reservas como a de Dourados, encontram-se em situação de catástrofe humanitária: além da desnutrição infantil e do alcoolismo, os índices de homicídio são maiores que em zonas em guerra, como o Iraque. Comparado à média brasileira, o índice de homicídios da reserva de Dourados é 495% maior. Os índices de suicídio estão entre os mais altos do mundo: enquanto a média do Brasil é de 5,7 por 100 mil habitantes, nessa comunidade indígena supera os 100 por 100 mil habitantes. Pesquisadores identificam na falta de perspectivas de futuro as causas da tragédia.
A indignidade que permeia a vida dos guarani-kaiowá é ultrajante; vivem uma guerra civil no Brasil rural. Como pano de fundo está a questão cultural que identifica nos indígenas uma primitividade inadmissível no século 21 e, portanto, um entrave ao desenvolvimento econômico que deve ser removido. Dessa forma, ignora-se a imensidão de riquezas culturais e de conhecimentos tradicionais dos primeiros habitantes das Américas.
O ex-presidente Lula reconheceu que ficou em dívida com os guarani-kaiowá. É imperioso que o Brasil da presidente Dilma seja realmente “um país de todos”, e reconheça o direito de existência daquele povo, bem como seu direito à alimentação, à saúde, à moradia digna e à preservação de seu patrimônio cultural.
(*) Professora de Direito Internacional da UFPR e da UniBrasil.
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