domingo, 1 de março de 2009

MST ocupa fazenda de Daniel Dantas
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Ação foi um protesto contra as declarações do ministro em relação ao movimento
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A fazenda Castanhal do Espírito Santo, de Daniel Dantas, situada na região de Eldorado dos Carajás, foi ocupada na madrugada dessa sexta-feira pelo Movimento de trabalhadores ruais Sem Terra. A liderança do MST, no local, informou que o motivo da ocupação é mesmo um protesto contra as declarações do nosso famigerado ministro do STF, Gilmar Mendes, quando esse afirmou e reiterou que o governo age ilegalmente ao conceder verbas ao referido movimento social.
O ministro foi muito questionado (houve mesmo uma guerra de idéias e de informações envolvendo o delegado federal Protógenes Queirós, Dantas e seus advogados, a mídia, Gilmar Mendes e a opinião pública) quando concedeu dois habeas corpus ao dono do banco Opportunity que fora preso por ordem do juíz federal Fausto de Sanches, de São Paulo. O mesmo juíz que condenou Daniel posteriormente.
O MST questiona com sua atitude, o telhado de vidro de Gilmar Mendes. Questiona o fato de ele não questionar fatos. O MST nos provoca a pensar as bases de nossa sociedade. O MST nos provoca a pensar em mudanças:
* A fazenda de Dantas está numa área de assoramento, ou seja, numa área concedida pelo governo, durante a década de 70, a fazendeiros para o cultivo exclusivo de castanhas e não para a agropecuária como faz esse réu, condenado pela justiça federal.
* O MST questiona o motivo que fez Gilmar Mendes defender com tanta atitude de advogado (ele é mesmo um advogado que foi indicado pelo então Presidente FHC para ser ministro) que juntamente com outros do PSDB, DEM e afinados, estabeleceu relações tão próximas com esse condenado, durante o ritual macrabro que ficou conhecido como PRIVATARIA.
* Dantas é o símbolo maior dessa tragédia nacional, sacerdote que sacrificou divisas, capital nacional, empobrecendo ainda mais nosso povo. É o símbolo vivo da corrupção que mata e afunda na miséria milhões de brasileiros.
* Gilmar Mendes está muito distante do ideal de justiça personificada, do magistrado que mantém uma postura equidistante, équo. É uma vergonha para uma casa, o Supremo Tribunal Federal, que têm figuras extraordinárias, como o Ministro Ayres Britto. Gilmar está mais próximo dos nobres, do outrora Império Brasileiro, condecorados com honrarias e títulos pelos monarcas.
* O MST questiona um país tão desigual que não faz e nem fez mesmo as reformas básicas ( a agrária por exemplo). Até mesmo países que são exemplos de capitalismo, fizeram. Todos os países considerados atualmente capitalistas e desenvolvidos fizeram a reforma agrária.
* É preciso que saibam que as primeiras reformas agrárias aconteceram nos Estados Unidos, a partir de 1862. Até à Primeira Guerra Mundial toda a Europa ocidental já tinha feita a reforma agrária.
* Entre a primeira e segunda guerra foram realizadas reformas agrárias em todos os países da Europa oriental.
* Depois da 2ª Guerra Mundial países tais como Coréia, Japão e as Filipinas fizeram também suas reformas e democratizaram o acesso à terra.
* O MST questiona, na verdade, a atitude da Elite Nativa, banqueiros, donos dos grandes meios de comunicação, industriais, latifundiários, os vérmes especuladores que fazem os pequenos burgueses repetirem em coro, mesmo alienadamente uma uníssona voz contra todo o tipo de programa social e de distribuição de riquezas, ainda que por meio desses programas e bolsas, os miseráveis façam compras nos comércios deles.
* O MST questiona as bases escravocrátas (temos o orgulho de ser um dos últimos países do planeta a "libertar seus escravos" e de ainda não tê-lo feito integralmente, convivemos hoje com eles em pleno séc. XXI) e ainda monárquicas da sociedade e mentalidade brasileiras.
Nossa República ainda é muita atrasada. Conserva um legado de injustiça, de escravidão ( nos orgulhamos de ter mucamas em nossas casas nos servindo em troca de casa e comida) e de miséria que invialiliza mesmo o capitalismo que tanto é defendido por aqui.

3 comentários:

  1. Engraçado você falar de programas sociais e bolsas, hoje na sala de aula do meu curso de pós discutíamos exatamente isso, como a classe média repete o ridículo discurso de que "temos de ensinar a pescar e não temos de dar o peixe", que o Bolsa Família é política eleitoreira. Ora, ninguém se incomoda em ver investidores do mercado financeiro ganhando dinheiro sem trabalhar, somente especulando. Agora se o pobre, pauperizado, recebe uma bolsa de 120,00 por mês, para comprar alimentos para a sua família, isso é um absurdo, é paternalismo. Ora é bom nos lembrarmos que essa família não tem acesso à saúde, à educação e muito menos ao trabalho; que o Brasil é um dos primeiros do mundo em má distribuição de renda, assim esses programas devem ser vistos como um imposto de renda negativo, como uma forma de distribuição de renda, e que é dever do Estado e direito do cidadão ter acesso as condições mínima de sobrevivência e de dignidade humana. E que venha a reforma agrária!

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  2. Essa é uma discussão muito interessante, já ouvi mais de uma centena de vez que o MST é formado por gente desonesta, por que passou na televisão as pessoas esquecem que a televisão é um dos aparelhos de dominação ideológico do Estado e pessoas como o gilmar mendes vão pensar que é errado verba para esse tipo de movimento, sem perceber que o Brasil demora em demasia para fazer a sua reforma agrária e que países bem maiores que ele já o fizeram, é uma vergonha duas ou três famílias serem donas de estados inteiros.

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  3. Em todos os movimentos sociais e instituições existem diferentes motivações individuais. O MST é formado por diferentes pessoas as quais se uniram em busca de uma reforma agrária (agenda política do séc. XVIII!) e de uma melhor distribuição dos meios de produção (riqueza). Afirmar, como reiteradamente se assiste, lê e ouve nos meios de comunicação, que o MST é formado por gente desonesta demonstra o viés ideológico o qual recorta a realidade social conforme quem sustenta tal viés. Os bancos nos EUA descaradamente causaram uma crise sistêmica internacional e não se ouve o quanto foram desonestos ao lançaram títulos "podres" nos mercados futuros de capitais. O juízo desqualificador o qual vale para os campesinos pobres, não vale para os banqueiros milionários. A desqualificação reiterada dos movimentos sociais formados pelas classes menos favorecidas (como o MST) visa mantê-las assujeitadas ao statu quo.

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