Golpistas privatizam o Paraguai
Por Altamiro
Borges
Na terça-feira passada, um protesto convocado por entidades
estudantis e sindicatos dos professores reuniu milhares de pessoas em Assunção.
A manifestação teve como eixo central a denúncia do governo golpista do
Paraguai, “presidido” por Federico Franco, que enviou recentemente ao Congresso
Nacional um projeto de lei que privatiza todo ensino público do país. A mídia
brasileira, que apoiou o “golpe constitucional” na nação vizinha, simplesmente
escondeu o gigantesco protesto.
O projeto de privatização
do ensino já foi aprovado no Senado e tramita na Câmara dos Deputados – as duas
casas são controladas por forças direitistas e foram responsáveis pelo golpe
relâmpago que destituiu o presidente Fernando Lugo, em junho deste ano. A nova
lei também prevê o aumento das mensalidades pagas nas instituições privadas de
ensino. Durante o protesto, realizado em frente ao Congresso Nacional, os
trabalhadores na educação também denunciaram que os salários do setor estão
atrasados há três meses.
Os retrocessos neoliberais
Na mesma terça-feira, em Santa Maria, no estado de
Misiones, organizações de trabalhadores rurais realizaram uma marcha contra o
fim dos direitos conquistados no governo de Fernando Lugo. Os golpistas do
Paraguai têm promovido acelerados e graves retrocessos nas políticas agrária e
agrícola, reforçando o domínio dos latifundiários. Os ruralistas tiveram papel
ativo no golpe de junho, criando um clima de terror no campo contra a reforma
agrária, e agora estão sendo agraciados pelo “presidente” Federico Franco.
Desde o golpe, o Paraguai se tornou num paraíso dos
ricaços. Como relata o jornal Hora do Povo, “Franco realizou amplas concessões
antipopulares para as multinacionais. Entre as quais, ele submeteu a produção de
sementes de soja a Monsanto e o monopólio de exploração do petróleo para a
Dahava Petróleos”. O país caminha para o abismo. Segundo a Comissão Econômica
para a América Latina e Caribe (Cepal), ele sofrerá retração de -1,8% em seu PIB
neste ano, um dos piores resultados da América Latina.
Merval Pereira e Álvaro Dias
Os neoliberais nativos – como o “imortal” Merval Pereira
(Globo) e o exótico senador Álvaro Dias (PSDB-PR) –, que deram total apoio aos
golpistas, agora estão em silêncio. Eles nada falam sobre as regressões
políticas e sociais no país vizinho, nem sobre as lutas deste sofrido povo. Eles
são cúmplices da barbárie em curso no Paraguai. Ninguém pode
esquecer!
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