sábado, 7 de março de 2009

Recentemente, no dia 17 de fevereiro, a Folha de São Paulo, mais um veículo de comunicação da reacionária elite paulista, parceira de discurso e ideologia da Veja, que tem suas reportagens repetidas e "rotadas" todos os dias nos quatro rincões desse país, ao crititicar o governo do Presidente venezuelano, qualificando-o de Ditatura, referiu-se à ditadura brasileira (1964 a 1984) com DITABRANDA.
As reações (contrárias) a essa atitude deslavada e cínica, que desrespeita tantos que até hoje choram as mortes de seus filhos e que buscam judicialmente os reparos para a perdas fiísicas, morais e psíquicas que sofreram nos porões de órgãos tais como DOPS, DOI-CODI, Aeronáutica, Marinha e Exército.

Observem a reação do sociólogo Edival Nunes Cajá proferia em carta dirigia a esse veículo de comunicação:



Senhor editor da Folha de São PauloComo antigo assinante deste jornal, uso o espaço destinado aos leitores para comunicar-lhe que depois de ler e reler o editorial do dia 17 de fevereiro sobre Venezuela e as Ditaduras na América Latina dos anos sessenta e setenta em que a famigerada Ditadura brasileira foi considerada “Ditabranda” e ainda depois de ler o conteúdo desrespeitoso da resposta deste Jornal às críticas dos respeitadíssimos professores Fábio Comparato e Maria Benevides da USP tratando do erro histórico cometido pelo editorialista, cujo nome desconhecemos, tomei a decisão de cancelar a minha assinatura e também de não comprá-lo nas bancas.
Para o senhor poder conferir, segue o número do código da assinatura 5935180 e o nome da funcionária (Tábata) que de forma gentil tentou me demover. Eu disse-lhe educadamente que somente com a publicação de outro editorial pedindo desculpas às famílias dos cinco mil exilados, quarenta mil encarcerados e torturados e quinhentos mortos e “desaparecidos”, cujas mães ainda os espera, nem que sejam seus restos mortais para dar-lhes uma sepultura digna do seu heroísmo e poder aplacar esta dor sem fim. É claro que estes dolorosos números acima só serão exatos quando o governo tiver a coragem de abrir os arquivos do terror do Exército, Marinha e Aeronáutica.
Para que não me acusem de usar o anonimato, sou sociólogo pela UFPE, presidente do Centro Cultural Manoel Lisboa de Pernambuco e fui sequestrado, torturado e encarcerado do dia 12 de maio de 1978 a 01 de julho de 1979 (final do governo do general Geisel e início do Figueiredo), quando era estudante universitário, membro da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife, sob a orientação de Dom Helder Câmara e assessor da CNBB- NE, II.Desejando apenas contribuir com o imenso trabalho que terão os verdadeiros historiadores do nosso país quando tratarem daquele período, aguardo a publicação desta.
Edival Nunes Cajá
Recife, 02 de março de 2009.

Um comentário:

  1. Ditabranda: "cinco mil exilados, quarenta mil encarcerados e torturados e quinhentos mortos e desaparecidos"... É realmente a contra mão da história, a negação dos fatos.

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