quinta-feira, 12 de março de 2009

Vejam um trecho de um diálogo entre eu e o advogado Charles Leonel Bakalarczyk, do Rio Grande do Sul, ainda sobre o Episódio Plim Plim! O casal Bonner e os criminosos sem Terra.



Prezado Railton:

Note que crime houve, porque pessoas foram mortas. No entanto, responsabilizar todo o MST (ou integrantes do MST) antes de uma investigação e do devido processo legal é ato que ofende o patrimônio jurídico dos ofendidos e estremece os alicerces do Estado Democrático de Direito.A grande mídia empresarial sempre age assim, em nome da liberdade de imprensa, que considera absoluta.Penso que devemos rejeitar esse procedimento (não o princípio da liberdade de imprensa, mas sua absolutização), em nome do Estado Democrático de Direito. E devemos rejeitar essa ação mesmo que o ofendido da vez seja nosso adverso político.
Um abraço, Charles

Minha resposta:


Charles Leonel, boa noite.

Concordo com você. Não podemos aceitar sob prextexto ou alegação alguma, de quem quer que seja, o prejuízo do Estado Democrático de Direito. Como bem afirmou você os MCM ( meios de comunicação de massa) são imprensas empresariais e defendem assim uma "liberdade de imprensa" restrita a esse universo. Não vejo uma defesa de uma liberdade de expressão como valor absoluto. O que fazem é um discurso cínico. O que defendem é um discurso, subproduto ideológico, que enverniza o que são de fato: autoritários e reacionários. O recente episódio do editorial da FSP(folh de São Paulo) que qualificou a ditadura brasileira como DITABRANDA, deixa isso claro. As respostas ao famigerado editorial foram repudiadas, inclusive a de intelectuais respeitados, como foi o caso de Fábio Konder Comparato, jurista da USP. Esses veículos (MCM) brasileiros quando não foram gestados pelo Estado Autoritário, a ditadura, foram pelo menos por ele nutridos.

Admito como você que crimes houve e que as suspeitas primeiras recaem sobre os membros do MST. O que faço quando abro essa discussão é tentar desvelar os jogos de linguagem, demonstrar como a informação, despropositada, é previamente preparada para atingir objetivos também previamente pretendidos.

Há quem diga a mim: você perde tempo assistindo jornal nacional? Respondo: esse não é o caso. O fato é que milhões de brasileiros ( inclusive centenas de alunos meus) ainda assistem. Estou aqui plugado nos mídias alternativas, mas também não posso deixar de observar o que a Grande Mídia anda plantando por aí. Não posso discutir somente Hegel em sala de aula, mesa de bar, ou na iternet, enquanto os jogos de poder, os discussões que se pretendem hegemonicos estão em franco processo de difusão pelos AIR'S ( Aparelhos ideológicos de Estado) como afirmava o velho Louis Althusser.

Como também pensava Foucault, o papel do intelectual não é libertar ou conscientizar niguém. É apenas dizer, falar, demonstrar como são constituídos os discursos de poder, a construção do estatuto da verdade.Penso, Leonel, que a ditadura brasileira ainda está nos nossos poros. A nosso cidadania ainda é muito incipiente. Nosso povo e, a até, pessoas ditas esclarecidas, tem medo de discordar, criticar, participar do debate. Não temos noção do estrago que a ditadura brasileira causou nos psiquismo da nossa socieade. Somos subservientes e bonzinhos demais. Tudo em nome de consensos e da paz social.

Nosso Estado de Direito precisa crescer muito no exercício da cidadania ativa. Há uma guerra velada, restrita a alguns milhares, pela manutenção dos consensos sociais, jurídicos, políticos e econômicas. Afirmo tal qual você o valor do Estado Democrático de Direito ainda que, é verdade, tenhamos que defender o direito daqueles que estão legítimante defendendo o contraditório do que afirmamos.

Salve o Rio Grande do Sul! Salve a história de luta desse povo gaúcho!

Abração,

Railton

CASO VOCÊS QUEIRAM VER A DISCUSSÃO NA ÍNTEGRA ENTREM EM:

http://blogln.ning.com/forum/topics/plim-plim-o-casal-bonner-e-os?page=3&commentId=2189391%3AComment%3A99730&x=1#2189391Comment99730

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