domingo, 4 de outubro de 2009

Diário no encalço dos Incas - Parte II

CONTINUAÇÃO DO DIÁRIO DA VIAGEM NO ENCALÇO DOS NOSSOS ANTIGOS ANCESTRAIS SUL AMERICANOS


CHICURA

... Estamos no centro de Corumbá. Esse é um lugar meio sombrio. Estamos achando estranhos. Agora vamos para a fronteira com a Bolívia comprar passagem para Santa Cruz de la Sierra. Estamos bem hospedados no Hotel Nacional em Corumbá. Já tomamos um bom banho, fiz contato com meu amor pela internet. Acabamos de resgatar outro amigo do Marco Aurélio, irmão do André Luiz, que veio de Palmas de ônibus. O nome dele é Alessandro, vulgo Chicura. Chegou exatamente 21h e 15min de hoje. Estamos agora numa pizzaria para matar a fome avassaladora.



ENTRANDO EM PUERTO QUIJARRO




Hoje, dia 04 de janeiro de 2005, tomamos um belo café da manhã, com frutas, mel... Logo em seguida nos dirigimos para a fronteira. Quando entramos em terras bolivianas a sensação de desproteção pátria foi instantânea. Fiquei mito tocado com a pobreza, sujeição, desorganização e fragilidade humana da primeira cidade boliviana. Nosso objetivo era comprar as passagens de trem para Santa Cruz. Fomos parados por um pedágio dentro de Puerto Quijarro. O "QG" mais parecia, como disse o André Luiz, uma banca de bananas.

NA ESTAÇÃO DE TREM DE PUERTO QUIJARRO
 
Na estação de do trem muitos pobres e alguns poucos turistas, numa fila caótica em busca de passagens. Fui abordando por um pedinte alcoolizado: Barón me dá una moneda, una plata! Estávamos, ingenuamente com todos os nossos dólares no bolso. O boliviano me seguiu por alguns segundos. Militares, vestidos como exército, faziam papel de polícia naquela estação. Não animamos ficar nem mais um segundo lá, com aquele carro e dinheiro. Saímos imediatamente de volta para o Brasil. Vamos contratar o serviço de um guia para comprar e nos transportar para estação, na hora da viagem. Comprar passagem lá é uma confusão. Aqui no Brasil os cambistas querem no mínimo $ 10,00 por passagem. Estamos tensos e nervosos com tudo isso. Nossa intenção era tomar uma cerveja na piscina do hotel, relaxar um pouco e depois almoçar. Mas...
 
NÃO HÁ PASSAGEM PARA SANTA CRUZ
 
Ouçam bem essa parte dramática do relato. Estávamos certos que sairíamos daqui hoje à noite. Mas não será possível. Por que? Primeiro. Não encontramos passagem de ferrobus (ótimo trem) e nem de pluma ( o ‘trem poleiro’ ) da Bolívia. Nem mesmo do super pluma ( um intermediário).
 
O PASSAPORTE VENCIDO DO ANDRÉ LUIZ
 
Vamos ter que “morrer” em mais uma grana de hospedagem aqui em Corrubá e ir para Santa Cruz amanhã, dia 05/01/2005. Segundo, o Sr. André Luiz, vulgo Yuman Al´Mah, sequer abriu o passaporte dele antes e resolveu faze-lo agora. Qual foi a surpresa? Sim, estava vencido! Sabe o que ele fez? Sumiu. Foi na solidão buscar a solução do seu problema. Falou com o Delegado local da polícia federal, que por sua vez telefonou para o Cônsul do Brasil na Bolívia para encontrar a procurada solução. Depois de pagar taxas, preencher formulário, tirar fotos, enfim a resposta. O passaporte sairá amanhã dia 05/01/2005 às 14h. O que implicou tudo isso? Mesmo que comprássemos passagem no trem para hoje às13h não poderíamos seguir.
 
DÓLARES, BOLIVIANOS E UM PASSEIO DE BARCO PELO RIO PARAGUAI
 
Em meio a tudo isso, os três mosquiteiros, Marco Aurélio, Chicura e Saldanha, conseguem comprar bolivianos e dólares. Lá, na casa de câmbio, recebem informações sobre uma agência de turismo que resolveria nosso problema. Chegam eufóricos com um casal, cuja mulher avistamos na divisa quando lá estivemos, e pedem nossos passaportes para entregar a eles com os respectivos dólares a fim de efetuarem a compra das malfadadas passagens de trem. Assim o fizemos – imaginem só. Combinaram um ‘maravilhoso’ passeio de barco pelo rio Paraguai para que não fossem cobrados os corriqueiros $10, 00. Com isso os dois pródigos e bem intencionadas “micro empresários” comprariam a passagem para 19h de hoje, dia 04/01/2005, ou para amanhã, dia 05.
 
PSEUDO AGENTES DE TURISMO PICARETAS E BRASILEIROS
 
Quando chegamos ao porto do rio aconteceu algo inusitado. A jovem ‘senhora’ da agência que havia combinado o passeio por R$ 25 para cada pessoa, somando R$ 130,00 no total, queria confiscar o troco de R$ 20,00 que me cabia. Ela justificou que era para as despesas da gasolina da moto que utilizavam. Fiquei possesso, por ter sido novamente idiota. Se tratava de gente oportunista. Enfurecido fiz com que aquela desqualificada me devolvesse o dinheiro. Resumo da ópera. Eles não conseguiram passagem alguma nem para hoje dia 04 nem para amanhã dia 05. Só sairemos daqui, provavelmente, depois de amanhã dia 06. Acreditem se quiser.
 
PENSEI EM DESISTIR
 
Perdemos dois dias inteiros. Isso causou em mim uma crise profunda: se eu seguir não conseguirei mais chegar no dia 17/01/2005, quando inicio a semana de preparação, no Marista, o que certamente me trará graves problemas; se volto, perco dinheiro, tempo, a grande oportunidade de fazer uma bela viagem - a mais esperada da minha vida - e terei que pagar um bom ‘mico’ por causa no ‘anúncio’ generalizado da viagem. Fui para o quarto liguei para a Milka - que me aconselhou a seguir. Fiquei mais tranqüilo e seguro por ter falado com ela.
 
NOVAMENTE NA ESTAÇÃO DE PUERTO QUIJARRO TENTANDO COMPRAR PASSAGENS
 
Hoje é um novo dia, 05 de janeiro. Acordamos por volta das 08h 50 min. Estamos todos muito arrasados. Tomamos aquele mesmo belo café da manha. Sentei aqui nesse micro e me pus a digitar esse diário que venho fazendo ao longo desses dias. Tomamos a seguinte decisão. Vamos pessoalmente a Quijarro a fim de comprar a passagem para amanhã. Iremos de carro até a fronteira depois entraremos de táxi boliviano ou a pé mesmo. Só voltaremos de lá com essas passagens. Ficaremos quanto tempo for necessário na fila, pagaremos dinheiro a cambistas, o ‘caralho’, mas vamos partir amanhã dia 06 para Santa Cruz de La Sierra. Agora são 11h 10min. Estamos aguardando o tempo passar aqui no hotel, iremos almoçar e depois cumprir nosso intento.
 
TOMANDO UM TÁXI BOLIVIANO
 
Finalmente, fomos a Quijarro, novamente em busca de passagens. O André conseguiu pegar o passaporte na polícia Federal e seguiu dirigindo o carro conosco. Decidimos entrar de táxi, na cidade boliviana, e deixar carro do lado do Brasil com o André e o Alessandro.
(Comemos um peixe maravilhoso, na peixaria do Ceará, uma peixaria muito bonita, com uma piscina no meio).
Seguimos eu, Marco Aurélio e Saldanha. O Taxista era Carlos de Jesus, um boliviano que nos orientou como carimbar os passaportes, o que fizemos ao entrar na Bolívia.
 
PARA O DESESPERO DE TODOS: NÃO HÁ PASSAGENS PARA SANTA CRUZ
 
Ao chegar na segunda estação, a de Puerto Soares, qual foi a surpresa já esperada por causa da lei de Murfy. Não há passagem nem para hoje nem para amanhã. Voltamos no táxi para a estação de Quijarro, nada de passagens também. No desespero, por imaginar que só sairíamos na sexta, nós que queríamos sair na terça, e eu que tenho que voltar no dia 17 para trabalhar, encontramos, avistamos vários turista voltando de Machupicchu sujos e picados de mosquitos, carregando suas mochilas.

2 comentários:

  1. Essa mini-série é melhor que as da Globo... kkkkkkkkkkk

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  2. Amor, fico feliz de fazer parte dessa história, mesmo que indiretamente e ter lhe influenciado positivamente para que você tivesse confiança para prosseguir e chegar ao final, no seu destino. Te amo. Beijos. Milka

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